Rachael Larsen (EUA) sabe que foi privilegiada ao poder tirar 3 meses para estar com sua bebê recém-nascida, mas o tempo não bastou e a angústia a invadiu ao retomar o trabalho. “O desdém que há sobre criar uma família e trabalhar em uma jornada completa é real”, comentou.
Nos últimos dias, uma publicação nas redes sociais feita por Rachael Larsen, mãe de dois e trabalhadora, transcendeu por ilustrar com uma triste fotografia as dificuldades que têm as mulheres estadunidenses ao enfrentar o seu pós-natal.
A mulher teve o seu segundo bebê no fim do ano passado e, de acordo com a regulamentação do país, lhe deram 12 semanas de pós-natal. Quer dizer, uns 3 meses dedicados unicamente ao apego com o seu bebê. É evidente que este período é insuficiente, e Rachael demonstrou isso em sua sentida publicação, que acompanhou com uma foto sua chorando de frustração.
“Me levou quatro anos para me encher de coragem para compartilhar esta foto. Inclusive agora, é difícil de olhar. O desdém que há sobre criar uma família e trabalhar em tempo completo é real. Me convenci disso em meu primeiro dia de volta ao trabalho, depois do nascimento de minha segunda filha. Não estava pronta. Minha filha não estava pronta. Ela não dormia e estava muito inquieta. Acordei cinco vezes durante a noite antes para dar de comer a ela. Estava exausta”.
Apesar da angustiante situação, Rachael sabe onde está e os benefícios que ela tem para criar a sua bebê, diferentemente de muitas mulheres que passam por situações semelhantes e estão desamparadas diante da lei. Mas ainda assim, se viu vencida pela situação.
“Sei que sou extremamente privilegiada. Pude ter um pagamento parcial de meu salário durante o meu pós-natal e pude ter 12 semanas sem trabalhar. Tinha um trabalho que amava, em uma empresa com chefes excelentes. Pude ter acesso a uma escolinha infantil de bom preço, com grandes professoras em quem confiava. Mas… não estava pronta”.
A mulher termina sua mensagem pedindo que se apoie mais os pais e as famílias neste sentido. Foram anos sem se dar conta do difícil que é o assunto, mas agora que sabe que não quer mais filhos, diz ter “a coragem para contar minha verdade”.
O ponto de Rachael é mais do que válido e real. De acordo aos números da OCDE — compilado por PopSugar —, os países que participam nesta organização dão um mínimo de 14 semanas de pós-natal, enquanto a média é de 18 semanas. A maioria destes países pagam mais da metade dos salários aos seus empregados no pós-natal e 13 deles o salário total.
No entanto, o pós-natal nos EUA não existe como lei e só se pode ter acesso a ele cumprindo certos requisitos, como ter trabalhado uma certa quantidade de horas antes de ter o pós-natal, levar mais de um ano trabalhando em alguma empresa, e outros obstáculos que impedem que o processo seja mais horizontal.